Mujica, presidente do Uruguai, vai de sandálias ao trabalho |
Joaquim
Barbosa: Acabe com a discriminação e libere o uso de sandálias e bermudas nos tribunais
Cotidianamente,
milhões de brasileiros precisam entrar em prédios públicos para trabalhar ou
acessar direitos. No entanto, elas são barradas na entrada caso estejam usando
roupas fora dos padrões da cultura branca européia. Pedimos que você libere o
acesso de pessoas ao STF que estejam usando sandálias, bermudas, camisetas sem
manga e outras roupas que representem a afirmação cultural, étnica, racial e de
gênero das pessoas, de forma a acabar com a discriminação no acesso a prédios
públicos. Por um mundo no qual as pessoas sejam respeitadas pelo que elas são e
não pelas roupas que vestem.
Além disso, sabemos que o Brasil é um país tropical
e que uso de roupas adequadas ao clima local seria justo eficaz. Sem paletó nos
dias de calor, o ar condicionado dos prédios poderia funcionar com menor
potência ou até ficar desligado, permitindo que muita energia seja economizada.
Neste sentido, a liberação do acesso com roupas mais leves é altamente
favorável a preservação do meio ambiente.
Em
dezembro de 2013, o presidente do Uruguai deu um importante exemplo. Na
cerimônia de posse do novo ministro da economia, ele trajou bermudas e
sandálias, roupas adequadas ao clima quente do verão uruguaio. Isso mostra o
quão viável é o uso destas vestimentas, e o quanto nossos preconceitos podem
ser enfrentados e superados por atos simples do dia-a-dia. (http://www.elobservador.com.uy/noticia/268328/las-sandalias-de-mujica-marcan-tendencia/)
A
discriminação que ocorre nas entradas dos prédios também envolve uma questão de
gênero. Enquanto as mulheres podem usar vestidos e saias, deixando as canelas
descobertas, os homens são impedidos de usar bermudas, o que geraria a
exposição desta mesma canela.
A
transformação social é permeada por sutilezas que, muitas vezes, passam
despercebidas pelo senso comum. A vestimenta é um das principais
características da cultura e a que mais denota a sua estratificação social.
Permitir a entrada de pessoas que não usam terno e gravata é o primeiro passo para
que elas sejam tão respeitadas e estimadas quanto aquelas que os usam.
“Há um
tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso
corpo e esquecer os caminhos que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo
da travessia; e se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem
de nós mesmos." (Fernando Teixeira de Andrade)
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