quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Um passo de cada vez



Assim procuro levar a vida:
Um passo de cada vez
Seguro, decidido
Desprendido, desapegado
Sabendo que as pegadas do caminho serão levemente lambidas pelas ondas do mar
Transformadas, desfeitas, refeitas, revisitadas.

As marcas são temporárias
O caminho é infinito
“A felicidade não é uma estação aonde se chega,
É uma maneira de caminhar.”

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Dar o que eu tenho de bom pra dar

Você nasceu com a marca da felicidade
Cada um de nós nasceu com a marca da felicidade
Você não precisa se rebaixar para que as pessoas não se sintam inferiores perto de você*
É da sua luz que elas precisam e não da sua escuridão.
O mundo está cheio de tristeza. Ele não precisa da sua tristeza, ele precisa da sua alegria**
O mundo está cheio de sofrimento. Ele não precisa do seu sofrimento, ele precisa da sua felicidade.
O mundo está cheio de medo. Ele não precisa do seu medo, ele precisa da sua coragem
O mundo está cheio de culpa. Ele não precisa da sua culpa, ele precisa do seu perdão
O mundo está cheio de ódio. Ele não precisa do seu ódio, ele precisa do seu amor.
Vamos dar o que nós temos de bom pra dar
Vamos receber o que de bom os outros nos oferecerem, filtrando todo o mal
“Se eu te ofereço uma maça e você recusa, com quem fica a maçã?”***
Se eu te ofereço uma ofensa e você recusa, com quem fica a ofensa?
Se eu te ofereço o amor e você recusa, com quem fica o amor?

“Sempre fica um pouco de perfume nas mãos que oferecem rosas.”

*Nelson Mandela
**Parafraseando São Francisco de Assis
*** Sidarta Gautama (Buda)

Crianças oferecendo flores à Buda, no Templo de Devinuwara Devalaya, em Dondra, sudeste do Sri Lanka

sábado, 18 de julho de 2015

Baiana: feliz de teimosa

Quando cheguei na Bahia,
Logo percebi que a vida não seria fácil
Uma médica, com sua Hilux, bateu na traseira do meu carro e fugiu,
Deixando cem reais e um prejuízo de mais quinhentos

Muitas coisas boas e muitas coisas ruins na Bahia
Uma chapada diamantina
Tantos sorrisos
Um baiano me abordou para devolver o celular após eu tê-lo esquecido no chão
Em outra ocasião, um jovem honesto me aborda para devolver o dinheiro
Estamos indo bem

Mais adiante, muita violência
Dois assaltos em quatro dias
Faca, revolver...  gastrite!

Hoje, na véspera da endoscopia
Acho que entendi:
O baiano é feliz por teimosia
Não que a vida seja fácil
Mas um sorriso ajuda a melhorar

Tira a sua tristeza do caminho
Que eu quero passar com a minha coragem
Com a minha luta, com a minha labuta,
Com a minha vontade de viver e ser feliz
Tenho a impressão que cada baiano acorda e diz mais ou menos isso para o mundo e para si mesmo

Muito vento, muita chuva, muito sol, muito céu
Muito seu, muito meu, muito nosso.
Bahia de todos os santos

E outros tantos


quarta-feira, 18 de março de 2015

Socialismo: entre a realidade e o sonho

Muitas vezes, é mais difícil mudar o sonho do que a realidade. Para que o socialismo se torne realidade, é preciso que os trabalhadores renunciem ao sonho de se tornarem patrões, que os pobres renunciem ao sonho de se tornarem ricos. Nisso consiste o grande desafio. Mudar a visão de que é mais fácil ganhar na loteria do que ter um governo comprometido com os trabalhadores.

Para aqueles que vêem o socialismo somente a partir do materialismo têm dificuldade para entender a dimensão do sonho. O sonho faz parte das nossas vidas, rompendo a toda hora a fronteira do possível. A esperança de melhora e a fé no futuro é o que move as pessoas. Para o marxismo, adquirir consciência de classe é uma etapa fundamental para que os trabalhadores pudessem chegar ao poder, passando a enfrentar os interesses da burguesia. O que não se previa é que os trabalhadores teriam tanta dificuldade em adquirir consciência de classe. Não se previa que a burguesia teria tanta capacidade de exportar os seus costumes e valores para a classe trabalhadora, não como realidade, mas como sonho, que pode ser mais poderoso que a realidade.


Os anúncios publicitários vendem os sonhos. As casas lotéricas vendem o sonho de se ter dinheiro para realizar os sonhos. O glamour, o requinte, a sofisticação, o luxo e o brilho ainda encantam grande parte da classe trabalhadora. Sem desfazer a ilusão nas coisas materiais não é possível avançarmos para o socialismo. "Quanto mais brilha a mercadoria, mais opaco se torna o ser humano.", como diria Marx. 


O ganho de consciência de classe ainda não ocorreu de forma generalizada. A maioria dos trabalhadores não se enxergam enquanto trabalhadores, mas como patrões que estão trabalhando e sendo explorados como que por um acidente do destino. Acidente que será desfeito tão logo eles possam enriquecer materialmente. É por isso que Marx alerta, mais adiante, que "os valores dominantes na sociedade são os valores da classe dominante." De fato, a classe do dominante, que detém o controle dos meios de comunicação de massa, continuam com uma espantosa capacidade de inculcar nos trabalhadores o desejo de riqueza, poder, glamour, luxo, prazeres carnais, do ócio, da competição, do ócio, etc. Evidentemente, eles contam com a colaboração das pessoas que se deixam iludir.

Desfazer o nó do novelo é criar uma consciência coletiva contra-hegemônica, com pessoas capazes de liderar pelo exemplo. De fato, o melhor que temos a oferecer ao outro não é o nosso julgamento, mas o nosso exemplo.

Não se trata de confundir o sonho com a realidade. Os marqueteiros investem nessa confusão. Trata-se de conhecer a realidade e de conhecer os sonhos. Trata-se de reconhecer a situação de miséria, exploração e injustiça em que se encontram os trabalhadores do mundo para que possamos traçar um projeto/sonho de mudança dessa realidade. O projeto/sonho de mudança que a burguesia oferece é o sonho de riqueza. Eles querem que a gente desista de salvar o mundo e lutemos para salvar a nós próprios, em prejuízo de todos os outros. Querem substituir o "salvemos o mundo" pelo "salve-se quem puder." Nós achamos que não faz sentido acender uma luz dentro do nosso quarto e deixar que o resto da humanidade pereça na escuridão. Também achamos que nenhuma luz pode ser acesa em uma casa sem o consentimento do seu morador. O socialismo não deve ser imposto enquanto uma ordem para crer.

Para destruirmos o capitalismo, precisamos mudar os sonhos dos trabalhadores. Ao invés de sonhar com a riqueza e o ócio, eles podem sonhar com um mundo melhor para todos, em que o trabalho seja justamente distribuído e realizado. Sem dúvida, no sistema socialista, poderá haver uma grande redução na jornada de trabalho e um aumento na qualidade de vida das pessoas.

Kant já dizia: "Age de tal modo que sua ação possa se converter em lei universal". Ora, não é possível que todos sejam patrões, pois faltariam trabalhadores. Mas é possível que todos sejam trabalhadores, pois o domínio exercido pelos patrões é desnecessário. A partir da tomada de consciência, as pessoas poderão realizar o seu trabalho e cumprir a sua missão sem sofrer com as ameaças e chantagens dos patrões.


Resgatar a dimensão do sonho e viver esse sonho desde já, por meio do exemplo. Essa é a missão e o projeto do militante socialista.

Resgatar o socialismo no seu caráter ético, dos valores, dos hábitos e costumes. Esse é caminho para chegar ao socialismo sem passarmos pela violência e pela ditadura.
Resgatar a dimensão espiritual do socialismo, enquanto um plano de progresso na grande marcha humanidade. E que este projeto potencialize as liberdades individuais, em sintonia com a igualdade e a fraternidade.

"Nós estamos pre-destinados ao socialismo. E temos que trabalhar por ele."

A profecia e o trabalho são indissociáveis.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Oração de ano novo

Que deste ano em diante
Eu não sinta nem inveja, nem raiva e nem pena de ninguém
Que a inveja seja substituída pela sincera admiração
Que a raiva se converta em paciência
Que a pena dê lugar à compaixão

Que todos os rios de bondade

Desaguem no Oceano do Amor.