Neste texto, vou falar um pouco
sobre minha experiência no carnaval de Salvador, em fevereiro de 2016. Uma
visão pessoal e passional de um gay, espírita e comunista. Vou falar sobre a
marcante presença da comunidade gay no carnaval, a promiscuidade e os riscos
relacionados a esse comportamento.
Fiquei
sinceramente surpreso com a quantidade de gays no carnaval de Salvador, no
circuito Barra-Ondina, um dos mais famosos do Brasil. Provavelmente trata-se do
carnaval mais gay do país. Os blocos mais gays são os de Daniela Mercury, Ivete
Sangalo, Cláudia Leite, entre outros. Uma explicação ara o fenômeno é que os
gays sentem-se reprimidos e discriminados durante o ano todo e veem no carnaval
uma oportunidade de soltarem a franga e se divertirem. As cantoras são escolhidas provavelmente por
terem músicas com letras menos machistas e mais inclusivas.
Em alguns blocos, os homens saem
vestidos de mulher, mas esse não é um marcador de identidade gay no carnaval. Isso
porque o fato de um homem estar vestido de mulher no carnaval não significa que
ele seja gay. Muito pelo contrário: em diversos blocos desse tipo, verifiquei comportamentos
bastante machistas e sexista, mesmo por parte de homens vestidos de mulher. Os
gays se identificam mais pelo comportamento e pelos olhares. Se um gay olha ara
o outro, geralmente sabe que é gay, mesmo que um não se interesse pelo outro. “Boi
preto conhece boi preto a quilômetros de distância”, diz o ditado.
Também observei que um percentual
significativo dos gays do carnaval são musculosos. Isso sinaliza para um padrão
de beleza, no qual um gay se sente atraído pelo outro que seja musculoso. A
explicação mais provável para isso vem de temos primitivos. Do ponto de vista
evolutivo, quando vivia nas cavernas, o homem musculoso era aquele se mostrava
mais forte, sendo mais apto a caçar e garantir a proteção da família. Assim, do
ponto de vista da atração sexual, as mulheres e homens gays sentem atração mais
imediata por homens musculosos, em função da memória genética e psicológica
relacionada à busca por alimento e segurança. Talvez seja por isso que muitos homens
e mulheres lotem as academias de musculação e ginástica nos meses que antecedem
o carnaval e o verão, período em que há maior exposição dos corpos.
Salvador recebe gays de todo o
Brasil durante o carnaval. Muitos deles são enrustidos, ou seja, não declaram
sua condição sexual perante a família, os amigos, a religião, etc. Ao
extravasar suas energias durante o carnaval, muitas vezes acabam se excedendo e
se expondo a situações de risco. O beijo casual, por exemplo, é um comportamento
que pode gerar o contágio por várias doenças infecciosas, como a mononucleose,
sífilis, gripe, herpes, candidíase, e tantas outras. Há suspeitas de que até o
vírus zika possa ser transmitido pela saliva e, consequentemente, pelo beijo. O
governo e os artistas não tem informado adequadamente os foliões sobre esses
riscos. Além disso, diversas doenças são transmitidas pelo sexo desprotegido e
sem compromisso.
O carnaval está relacionado está
relacionado à super-excitação dos sentidos que, por sua vez, está relacionado a
uma forte identificação do espírito com o corpo físico. A execução de músicas
excitantes, aliados ao consumo de drogas e à promiscuidade formam uma combinação
que pode ser explosiva, causando danos para a vida toda. Entorpecidos,
observa-se diversas brigas e comportamentos de risco. A população LGBT é
especialmente afetada por esses riscos, em parte por se exporem voluntariamente
a eles, em parte porque são vítimas de uma sociedade marcada pelo preconceito e
pela marginalização, de modo que os gays, muitas vezes, encontram no carnaval
uma forma de fuga, procurando escapar à dura realidade da vida.
Somente a conscientização será
capaz de mudar esta realidade. A
quarta-feira de cinzas sempre vem e, com ela, as consequência dos excessos
cometidos durante o carnaval.
Como diz Mahatma Gandhi:
“O que destrói a humanidade:
A Política, sem princípios;
o Prazer, sem compromisso;
a Riqueza, sem trabalho;
a Sabedoria, sem caráter;
os negócios, sem moral;
a Ciência, sem humanidade;
a Oração, sem caridade.”
Referência: Experiência pessoal nos blocos de Daniela Mercury e Ivete Sangalo;
http://ego.globo.com/carnaval/2016/noticia/2016/02/ivete-sangalo-promove-diversidade-e-beijo-gay-em-seu-bloco.html
Referência: Experiência pessoal nos blocos de Daniela Mercury e Ivete Sangalo;
http://ego.globo.com/carnaval/2016/noticia/2016/02/ivete-sangalo-promove-diversidade-e-beijo-gay-em-seu-bloco.html