quinta-feira, 4 de setembro de 2014

As três formas de encarar os desejos

Há basicamente três maneiras de lidar com os desejos: sufocá-los, saciá-los ou sublimá-los. Vamos definir o conceito de desejo e depois falar sobre cada um destes métodos. Desejo é vontade de sentir prazer. Prazer é tudo aquilo que pode ser obtido por meio da excitação dos sentidos.


Sufocar é a tentativa de negação do desejo. Esse sentimento pode ser oriundo de diversos fatores: medo, repulsa, vergonha, pena. Pode também estar relacionado à sensação de incompatibilidade dos desejos com os princípios éticos e compromissos assumidos anteriormente. Uma pessoa em casamento fechado, por exemplo, pode sentir o desejo de se relacionar com uma terceira. No entanto, em função do compromisso assumido com seu cônjuge, decide sufocar o desejo.
Outra maneira de lidar com os desejos é buscando saciá-los. É quando, por exemplo, uma pessoa sente vontade de viajar e viaja, sente vontade de comer torresmo e come, sente vontade de beber cerveja e bebe, sente vontade de transar e transa, sente vontade de se lambuzar e se lambuza. É preciso lembrar, contudo, que os desejos nunca são completamente saciados, pois os prazeres carnais são temporários, passageiros, efêmeros. Os prazeres da carne nos escapam pelo vão dos dedos.
Alguns desejos podem ser saciados sem ofender a princípios éticos, outros não. A alimentação e o sexo, por exemplo, são prazeres que podem ser vivenciados sem ofender a ética, ou seja, sem prejudicar a si, as outras pessoas e o meio ambiente. Mas isso depende do que se come, como se obtém o alimento, com quem se transa e como se recrutou o parceir@ sexual.
Sublimar os desejos é remetê-los a Deus. Da mesma maneira que sublimar a dor é endereçá-la a Deus. Os espíritos mais evoluídos, que estão mais próximos de Deus, conseguem sublimar seus desejos e dores. Basta compreender que as vicissitudes desta existência material são temporárias. Se o desejo sexual vai acabar após o sexo, qual a diferença entre saciá-lo ou não? Existe algum objetivo na prática sexual para além do próprio prazer carnal? A procriação; a troca de energias. Existe algum objetivo em se alimentar? A aquisição de nutrientes essenciais à manutenção da vida. Qual o objetivo de determinado ato, para além do prazer temporário que ele gera? Essa pergunta deve ser feita por qualquer pessoa que almeja o progresso espiritual.

Sublimar os desejos é tarefa difícil para nós, espíritos em fase inicial ou intermediária de evolução. No mundo moderno, os cinco sentidos são estimulados a todo o momento. A indústria do marketing investe bilhões e bilhões de dólares em propaganda para convencer as pessoas a comprar mais e mais. Para isso, ela cria desejos que, na verdade, não temos. Trata-se de uma lógica muito perversa, na qual as pessoas são estimuladas a consumir mercadorias para saciar os seus desejos. E a indústria do marketing está sempre criando novos produtos e novos desejos, para que as pessoas continuem comprando e os capitalistas continuem lucrando. Onde isso vai parar? Ou os recursos naturais vão se esgotar ou as pessoas vão despertar para a necessidade de preservá-los e respeitá-los. Esperamos que a segunda hipótese prevaleça. Mas isso depende de uma mudança de paradigma e de mentalidade. É preciso aprender a contemplar a natureza sem querer apossar-se dela. É preciso vivenciar esta experiência de encarnação no mundo material sem perder a noção de que ela é temporária. É preciso despertar para o fato de que o corpo morre, mas o espírito permanece, que ele segue a sua jornada no caminho da fraternidade, da harmonia e do amor.

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